O Entrevistas Fictícias lamenta a morte de Dom Nortadas de Albuquerque e endereça as suas mais sinceras condolências à sua família (procurámos amigos que não fossem da família, mas não encontrámos).
Dom Nortadas, ficará para a história como o maior inspirador deste jornal, e o criador dos dois mais importantes marcos da retórica do reino. Referimo-nos a "acho muito engraçado..." e "já estão a transformar isto num circo".
Sempre que alguém repetir estas frases saberemos que o espírito de Dom Nortadas está entre nós.




quarta-feira, 27 de julho de 2011

O Fantasma de MilenaOrtiz

Quinta-feira, 22 de Julho de 2010

Inventando nesta edição o Jornalismo Transcendental, o Entrevistas Fictícias tem a honra de apresentar a primeira entrevista de sempre concedida a partir do Além. Com a ajuda de uma senhora de riso assustador, cabelo desgrenhado e verruga no nariz, que não quer que digamos o seu nome por medo da Inquisição, mas que pode ser vista por aí aos saltos numa vassoura, divulgamos a entrevista possível com a mais recente contratação do clube dos mortos, Dama Milena Ortiz, Condessa de Monte Real, Viscondessa de Reriz, e de muito empinado nariz (ah desculpem, esta parte não faz parte do título, mas rimava e deixei-me levar).


Entrevistador - Está lá? É do além?

Voz fantasmagórica - Uuuuuhhhhhhh!

E - Valha-nos Jah! O que foi isto? Quem está aí?

Voz da Milena (rindo) - Ahahaha! Sou só eu, a Mileninha. Estava a brincar. Ahahah! Eu sou assim, muito simpática, carinhosa e divertida. É por isso que todos me amam!

E - Hmmm, pois... Bom dia cara Condessa. Queria começar por dizer o quanto lamento a sua morte prematura.

M - Isso de dizer que eu morri é uma forma poética de dizer que a minha pele está cada vez mais linda, de um branco de alabastro de fazer inveja a todas as damas do reino?

E - Bem, o que eu...

M (irritadíssima) - É, OU NÃO É??

E - É sim Condessa! Sim é isso mesmo. Agora acalme-se, por favor! É que na verdade nem a consigo ver.

M - Isso de dizer que nem me consegue ver é uma forma poética de dizer que atingi tal elegância que a minha figura esbelta e delgada é a inveja de todas as damas do reino?

E - O quê? Não, eu...

M (ainda mais irritada) - É, OU NÃO É?

E - É sim, é isso tudo que a Dama Mimada... perdão Milena quiser.

M - Tudo o que a Mileninha quiser? Hmmmm, então chame-me Duquesa, como àquela de Avis.

E - Mas perdão, esse título nunca foi confirmado, portanto não seria correcto...

M (irada) - SOOOOOOOOOUUUUUUUU!!!! E para o confirmar, todas as terças-feiras aquele senhor baixinho, da peruca empoada... aquele... o dos decretos e selos, que escreve muitas leis e sabe tudo, nunca sei o nome dele...

E - Hmmm, será o Conde Nortadas?

M (ao som das suas palmas) - ESSEEEEE!!!! Todas as terças-feiras ele vem visitar-me, beija-me a mão e chama-me duquesa. Pronto! Ele chama duquesa à Mileninha, a Mileninha é! Pronto! Pronto!

E - Compreendo, se é assim...

M - É! É! É! É! É! É! E se não aceitar eu assombro-o. Uuuuuhhhhhuhhhhhh! Uuuuuhhhhhuhhhhh! Sou o fantasma do fogo, queimo tuuuuuudoooo! uuuuhhhhuuuuhhhh!!

E (encolhendo-se com um arrepio) - Não! Por favor, senhora Duquesa.

M - Está bem. A Mileninha agora não assombra. Mas só porque sou tão boazinha, querida, e tolerante. Sou não sou?

E - Hmmmm...

M - SOU, NÃO SOUUUU?

E - Sim senhora duquesa é mesmo!

M - Ahhhh, você é um querido, a chamar-me duquesa como o baixinho da peruca empoada. Mas na verdade eu não quero ser duquesa [tenta conter o riso envergonhado].

E - Não? E o que quer ser a Dama Mim... Milena?

M - Olhe, a Mileninha quer ser rainha. E sabe porquê? Sabe? Sabe? Sabe? Eu já fiz tantos vestidinhos de rainha, e coroas, e aquelas coisinhas que se usa na mão, o ceptro, e colares, e mantos. E tudo isso. São tão lindos. Fiz os desenhos todos, muitos desenhos. Nos meus desenhos sou sempre rainha, e todos me beijam a mão. Quer ver? Quer? Quer? Quer?

E (já precavido) - Gostaria muito de ver, sim.

M - Ahhh, mas não dá. No outro dia queimei tudo. Às vezes fico assim furiosa e queimo tudo. Nós as meninas lindas somos assim, não é?

E - Pois...

M - Tenho pena dos portugueses. Queimei-lhes tudo. Acho que já nem há reino. Sem mim não pode haver, pois não?

E - Bom, na verdade o reino ainda existe...

M - ... nem deve haver condados, nem prefeituras, nem decretos, nem rainhas, nem vestidinhos, nem coroas, nem bailes, nem nobres, nem baixinhos de peruca empoada, nem aqueles senhores que vestem saiotes... Sem mim não pode haver nada, não é?

E - ...

M - NÃO É????

E - É sim! Sem a sua luz, sem a sua presença, sem a sua arte, não há reino, não há mundo, não há universo.

M (rindo) - Ahahahah! Agora o senhor jornalista parecia mesmo o baixinho da peruca empoada. Mas tem razão. Queimar os desenhinhos todos foi feio. [E ao som de palmadas na própria mão] Mileninha feia! Mileninha feia! Acho que vou ter que voltar à vida, para fazer outros desenhos.

E - Bem Dama Milena, veja lá, não se dê ao trabalho. Deve ser complicado aí no Além, encontrar boleia cá para baixo. E com o crime que vai por essas estradas transcendentais, não arrisque a viagem, por favor!

M - Vou sim! Você convenceu-me. O reino precisa de mim. Vou fazer desenhinhos novos. Tantos desenhinhos, tantos, tantos!

E - Não! Veja lá. Não se preocupe connosco! A sério, fique aí, deve ser mais quentinho! Com muitos fogos como gosta.

M (a chorar perdidamente) - O senhor jornalista não gosta de miiiiiiimmmmm! Uuuuhhhuhhhh Uuuuuuhhhhuuuhhhh!! Vou assombrá-lo! Uuuuuhhhhuuuhhhhh! Sou o fantasma do fogo! Vou queimar tudo! Uuuuhhhuuuuhhhh!!! Uuuuhhhuuuuhhhh!!!

[O Entrevistador sai a correr]

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