O Entrevistas Fictícias lamenta a morte de Dom Nortadas de Albuquerque e endereça as suas mais sinceras condolências à sua família (procurámos amigos que não fossem da família, mas não encontrámos).
Dom Nortadas, ficará para a história como o maior inspirador deste jornal, e o criador dos dois mais importantes marcos da retórica do reino. Referimo-nos a "acho muito engraçado..." e "já estão a transformar isto num circo".
Sempre que alguém repetir estas frases saberemos que o espírito de Dom Nortadas está entre nós.




terça-feira, 26 de julho de 2011

O Estado da Heráldica Portuguesa

Terça-feira, 22 de Junho de 2010
 

Em virtude da recente polémica acerca do recrutamento de artistas para a Heráldica Portuguesa, entrevistamos hoje duas das pessoas que estiveram no centro da discussão, SE Cardeal Dom Dunpeal Godwin de Avis, e a Baronesa Bads Helena de Miranda.


Entrevista a Dunpeal

Entrevistador - Vossa Eminência, podia explicar-nos quais foram, na sua opinião, os verdadeiros motivos que levaram à sua expulsão da Heráldica Portuguesa?

Dunpeal - Olhe meu filho, não é assim que se fala com uma Eminência Reverendíssima. Se o senhor não conhece o protocolo, aprenda-o!

E - Desculpe Eminência Reverendíssima, mas por favor não castigue os nossos leitores por um lapso deste humilde entrevistador.

D - Vossa Graça. Chame-me Vossa Graça!

E - Vossa Graça faria o favor de responder às nossas questões?

D - Um dos meus acólitos responde. Olhe, não quer um acólito? Já tenho 36, até parece que nascem debaixo das pedras. Fique com um! Dão jeito para afugentar jornalistas, marquesas e primazes.

E - Não obrigado, só precisava mesmo da sua resposta.

D - Uma Eminência reverendíssima, representante na Terra do todo poderoso Jah não responde logo que lhe façam uma pergunta. Tanto porque tem de manter uma distância fictícia, como por ser muito ocupado a comandar os seus acólitos.

E - Mas e...

D - VOSSA GRAÇA!!!!!

E - Mas, Vossa Graça...

D - Agora quero Vossa Eminência!

E - sim Vossa Eminência...

D - Como se atreve a começar uma frase com letra minúscula? Com padrões de qualidade desses o seu jornal nunca chegará longe!

E - Como sabe se usei letra minúscula se estamos numa conversa oral?

D - Jah sussurra-me essas coisas ao ouvido.

E - De qualquer modo eu precisava desta entrevista hoje.

D (bocejando) - Meu filho, sou muito ocupado, não posso perder tempo. O normal é fazer as pessoas esperar dois meses por uma resposta.

E - Só uma questão então, para não tomar mais do seu precioso tempo. Não acha que foi demasiado rigoroso na abordagem às regras da heráldica?

Psycorps - Não. É óbvio que a culpa é toda da Dama Bads?

Doramaria - Essa senhora não merece o lugar que ocupa.

E (perplexo) - ... E de onde sairam estes?

D - Queira desculpar-me meu filho! Estou a preparar um teatrinho de fantoches, e estes são dois dos meus personagens, às vezes não resisto a falar com as vozes deles. Ora pergunte lá de novo.

E - Gostava de saber se...

D - In English please!

E - Como?

D - Oh homem, você não sabe falar inglês? Então não sabe que em Inglaterra é assim que se fazem as entrevistas? Eu hoje só respondo em inglês.

E - Mas estamos em Portugal...

D - Isso diz você, eu agora estou em Roma.

E - Se quiser eu arranho um pouco de latim... Latinus arranhamus.

D - Agora não, que estou a experimentar os novos saiotes dos meus acólitos...

D (para os acólitos) - Ora rodem todos para a esquerda!... Agora todos para a direita! Os saiotes têm os bordados que eu pedi, como manda o protocolo de Roma, mas não fazem balão suficiente. Preciso de algo que dê mais nas vistas...

E - Portanto não responde?

D - Não tenho nada a dizer sobre essa lastimável Dama Chrisya. Não me chateie sobre ela.

E - É Dama Bads, Vossa Eminência!

D - Bads? Onde? Ela está aqui? Excomungo-a, fecho-lhe as portas de Roma, e a si também se não pára de me chatear. Experimente é um saiote, olhe que lhe ficava bem...

(E o Entrevistador foge, correndo para fora da igreja)



Entrevista a Bads

Entrevistador - Cara Baronesa, gostaria que me contasse pelas suas palavras o que de facto aconteceu para levar à expulsão de Dunpeal da Heráldica Portuguesa.

Bads - Muito obrigado pela pergunta senhor jornalista. Gosto muito que me façam perguntas.

E - Sim, mas a intenção da pergunta é obter uma resposta não acha?

B - Acho sim senhor jornalista, vê-se que o senhor tem muito jeito.

E - Mesmo assim há quem diga que a senhora só responde àquilo que quer, e ignora as perguntas que lhe incomoda responder é verdade?

B (após longo silêncio) - E a sua mãezinha está bem? E o paizinho também?

E - Bom, já vi que o melhor é mudar de assunto. A Heráldica Portuguesa conta já com todos os artistas que precisa?

B - A Heráldica Portuguesa conta já com todos os artistas que precisa.

E - E os trabalhos decorrem dentro da normalidade?

B - E os trabalhos decorrem dentro da normalidade!

E - E se eu disser que sou uma bruxa você diz o mesmo?

B - E se eu disser que sou uma bruxa você... desculpe não percebi a pergunta, podia ser mais claro. Estou aqui para responder a todas as questões, sejam elas quais forem.

E - Nesse caso o que tem a dizer sobre a indefinição das regras da heráldica quanto à confecção dos trabalhos?

B - Não há indefinição nenhuma. As cores são escolhidas por um jogo de dardos, as formas são escolhidas com dados, e...

E - Defende então a aleatoriedade como regra?

B - Se o senhor jornalista se desse ao trabalho de ler os princípios da heráldica portuguesa, veria que eles nada dizem contra o uso de dados ou dardos.

E - Passemos então à aprovação de títulos. Diz-se que hoje em dia qualquer pessoa pode ser nobre sem ter feito nada pelo reino. Como comenta?

B - Se me permite comento sentada. Posso?

E - Faça o favor!

B - Comento também ajeitando a minha coroa de baronesa, e alisando o meu manto sobre a cadeira.

E - Mmmmm, compreendo. E sobre o facto de, sem monarca, não se poderem atribuir títulos de Duque?

B - Posso dizer o que de facto me vai na alma?

E - É claro que sim, diga por favor.

B - Na alma vai-me uma enorme alegria por ser Presidente do Conselho de Sintra, e trabalhar com gente tão desinteresseira e altruísta.

E - Mas isso não responde à pergunta.

B - O senhor jornalista disse que eu podia responder com o que me ia na alma. Faça o favor de ser coerente e não se desdizer a si próprio!

E - Entendo... Quanto às pessoas com quem trabalha, diz-se nos corredores de Sintra que a Dama Bads é famosa por dizer uma coisa e fazer outra, por prometer algo a alguém, e depois fazer o contrário...

B - Muito obrigada!

E - Obrigada?

B - Sim, por dizer que sou famosa. É algo que sei que mereço, e devo-o a todos aqueles que sempre acreditaram em mim e...

E - Cara Baronesa, isto não é concurso de Miss Portugal. Pedia um comentário sobre as críticas que lhe atribuem falta de palavra.

B - [...]

E - Não diz nada?

B - Confesso, às vezes tenho falta de palavras, como agora.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Parece que algumas pessoas que usam o Internet Explorer não conseguem comentar. Se for esse o seu caso, tente com Firefox, que tem um melhor sentido de humor.